Monsters of Rock – 19/04/2025 – São Paulo, SP – Breve Resenha dos Shows!

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Festivais como o Rock in Rio ( ao menos as primeiras edições ), o Hollywood Rock ( extinguido na década de 1990 ) e o Monsters of Rock ( realizado no Brasil pela Philips Co. em seus primórdios ) são eventos que, apesar de outrora deterem uma atmosfera diferente da dos dias atuais, mereceram e sempre merecerão a atenção do público e crítica por comumente contarem com a presença de nomes de forte expressão no cenário da música pesada.

Comemorando seu aniversário de 30 anos no Brasil, o festival Monsters of Rock reuniu além dos veteraníssimos Scorpions, Judas Priest, e Europe, uma turma de meia idade também consagrada ao longo dos anos. São eles os americanos do Queensrÿche e do Savatage, esta última voltando aos palcos depois de um hiato de 10 anos. Completaram o line up, os nórdicos das bandas Opeth e Stratovarius, que tiveram a tarefa de abrir o evento ainda na manhã de sábado do dia 19 de Abril de 2025 no Allianz Parque em São Paulo.

Devido a motivos técnicos e de logística, todos concebidos por minha conta e risco, adentrei ao estádio um pouco além das 14h com o grupo Queensrÿche já no palco, o vocalista Todd La Torre desferindo seus falsetes marcantes e a banda, como de costume, mostrando seu heavy metal num alto e bom som que com certeza, deixou alguns ouvintes que os desconheciam, surpreendidos. Silent Lucidity, provavelmente sua música mais conhecida, ficou de fora do setlist assim como na maioria de seus concertos pregressos. Um pena! Apesar de ser uma obra-prima, lenta e cadenciada, talvez não combinasse muito com o tempo restrito dedicado a cada banda em um festival de 12h de duração.

Em seguida tivemos o Savatage em sua “volta aos palcos”, que expôs todo seu Hard/Heavy com pitadas de Rock Progressivo, alcançando os primeiros gritos e aplausos mais expressivos. Edge of Thorns, contando com uma invasão de palco por parte de uma fã alucinada, e The Wake of Magellan, canções de seus álbuns homônimos de 1993 e 1997, respectivamente; somadas à esperada Gutter Ballet, um épico de 1989, formaram a melhor parte da apresentação com os guitarristas Chris Caffery e Al Pitrelli colocando tudo no seu devido lugar, disparando riffs poderosos e solos precisos, além das várias bolas de futebol chutadas para a plateia pelo vocalista Zak Stevens, o que foi algo muito divertido de presenciar. Mas emocionante mesmo foi ver Jon Oliva, tecladista fundador e também o antigo vocalista que, afastado das turnês por motivos médicos,  executou Believe (parte de sua Ópera Rock de 1991) no piano em uma gravação feita especialmente para esta exibição, soando juntamente com a banda ao vivo e dividindo as partes vocais com Mr. Stevens, o atual cantor, tudo muito bem sincronizado e realmente tocante. Seu irmão, o guitarrista Chris Oliva falecido em 1993 e também co-fundador do grupo, não ficou de fora da festa sendo homenageado com imagens de apresentações antigas nos 3 grandes telões. Lindo demais até para quem não é fã de carteirinha do grupo.

Após mais uma rápida transformação de palco, chegou a hora do Europe que, com sua grande experiência e tantos anos de estrada, certamente não iria decepcionar. Joey Tempest, um frontman estilo Mick Jagger, teve o público na mão durante todo o tempo, com uma entrega notável e digna de registro. Não faltaram a balada Carrie e, é claro, The Final Countdown, que encerrou a participação do grupo.

Com um tempo de preparação de palco um pouco maior, o bom e velho Rob Halford trouxe, junto com o baixista Ian Hill e um resto de banda reformulado, os petardos clássicos da carreira altamente consolidada da banda britânica Judas Priest, além de 3 músicas de Invincible Shield, seu mais recente trabalho lançado em 2024. Menções para Breaking the Law e Pain Killer que foram cantadas a plenos pulmões, a famosa entrada no palco de uma motocicleta Harley Davidson em Hell Bent for Leather durante o bis, e é claro, Living After Midnight que encerrou a participação. As longas barbas brancas de Mr. Halford são só um detalhe. Parece que o tempo não passou pra ele ! Digno de registro também, foi a performance do baterista Scott Travis, que lá atrás tocava tranquila e impetuosamente, com batidas extremamente perfeitas e ao mesmo tempo com uma feição nada indiferente nem tampouco arrogante, mas como se estivesse “assistindo à Sessão da Tarde na TV Globo”, coisa que só quem tem pleno domínio de sua atividade consegue.

Com o tempo alternando de muito quente no início do dia, para eventuais e leves pancadas de chuva no decorrer da tarde, o início da noite foi marcado por uma precipitação mais intensa, que fez com que os fãs mais prevenidos vestissem suas inseparáveis capas de chuva descartáveis, o que é sempre os 5 reais mais bem investidos em um evento longo a céu aberto e com conhecida previsão de chuva.

Até é esperado que, com as minhas tantas horas de shows na bagagem e meus 46 anos, uma saída antecipada favoreceria meu deslocamento de volta e a fuga da massa em derradeiro frenesi, mesmo com os 60 anos de história dos Scorpions, ali na minha frente. Mas foi o que fiz! Depois de The Zoo, com a chuva apertando mais, despedi-me do companheiro de inúmeros shows Rafael Isolini, colecionador (como eu) de mídias fisicas e fã inveterado da banda,  deixando o festival e prevendo a reverberação das emoções de um dia extremamente Rock and Roll! Pode ter sido uma heresia, mas consigo lembrar muito bem das outras 2 vezes em que estive frente a frente com os velhos escorpiões do Rock. Só perdi a surpresa que alguns já conheciam, a presença de um gigante fantoche inflável em forma de escorpião que brotou da parte alta do palco como aconteceu no show de Brasília 3 noites antes. Dadas as minhas devidas condições, tudo bem! Mas é mais ou menos como sair antes de ver o mascote Eddie em um show do Iron Maiden!

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Fisioterapeuta especializado em Medicina do Esporte, Músico (ex Duahlen) e Crítico Musical. Especialista em Heavy, Hard e no bom e velho Rock 'n' Roll. Sempre à disposição para uma boa conversa!! 👉 @ricodanielski 🤘